6.1.07

"Diamante de Sangue" - CInema

05/01/2007 - 08h00

"Diamante de Sangue" vale pela aula e por um espetacular DiCaprio

RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Após uma sucessão de chacinas de famílias inteiras por milícias africanas, amputações de braços de supostos inimigos a sangue frio, assassinatos brutais de crianças e mulheres e uma seqüência de horror de trabalho escravo, um personagem do filme "Diamante de Sangue" observa:

"Tomara que nunca encontrem petróleo aqui. Aí, sim, teríamos problemas".

O que parece sarcasmo nestes tempos da dinastia Bush é absoluto realismo nas quase 2h20 desse filme de Edward Zwick, que estréia nos cinemas do país nesta sexta-feira, e que trata de contrabando de minérios e da guerra civil em Serra Leoa
--um dos países mais miseráveis e violentos do mundo.

Divulgação
Leonardo DiCaprio e Djimon Hounsou em "Diamante de Sangue"
Leonardo DiCaprio e Djimon Hounsou em "Diamante de Sangue"
O inferno é freqüentado por: 1) bandidos como Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um paramilitar branco de Zimbábue preocupado em tirar diamantes do continente e enviá-los para a "segurança" do mercado europeu; 2) uma população dividida e ignorante sobre o porquê de estar sendo morta tanto por forças do governo como por rebeldes; 3) jornalistas idealistas como a linda Maddy Bowen (Jennifer Connelly); 4) o paupérrimo civil Solomon Vandy (Djimon Hounsou, em performance espetacular), cujo filho --você verá-- será outro personagem importantíssimo na trama.

A verdade é que há dezenas de filmes que abordam a miséria na África. Como o continente é praticamente sinônimo de desgraça, esses filmes procuram tratar tudo com alguma sensibilidade e visão humanista e crítica. "Hotel Ruanda", por exemplo; ou "Lugar Nenhum na África" (Nirgendwo in Afrika). Ou ainda "Amor sem Fronteiras" (Beyond Borders, com Angelina Jolie e Clive Owen) e "Lágrimas do Sol" (Tears of the Sun, com Bruce Willys)
--esses dois últimos subestimadíssimos pelos críticos, e de forma injusta.
 

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