OI NA TV Por Alberto Dines em 7/2/2007 Editorial do programa Observatório da Imprensa na TV nº 404, no ar em 6/2/2007 | |
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. Bem-vindos ao apocalipse. Ou ao planeta super-aquecido. As conclusões do painel da ONU sobre mudanças climáticas é duplamente preocupante: em primeiro lugar, pelas previsões concretas, científicas e, em segundo, pela acusação cabal, insofismável: quem está no banco dos réus é a humanidade, ela é a grande responsável portanto, todos somos igualmente culpados pelo estado em que ficou o nosso mundo. O relatório de Paris teve o mérito de socializar a noção de pecado. Em matéria ambiental, pelo menos, ficou constatado que todos somos pecadores, tanto os industrializados como os emergentes. Exploramos a natureza com a mesma insensibilidade, desperdiçamos os seus recursos com o mesmo descaso. Justamente por isso torna-se tão relevante o papel da mídia mundial para diminuir os efeitos do aquecimento. Se a mídia continuar abdicando da sua função mobilizadora e educadora, grande parte da humanidade continuará produzindo as mesmas agressões. Na véspera de uma débâcle que se assemelha ao dilúvio bíblico, recorta-se com uma nitidez impressionante a tarefa dos meios de comunicação. Este é um dos raros casos em que o sensacionalismo pode ser benéfico. Quanto mais dramaticidade no noticiário e nos debates, melhor para todos. Mas atenção, esta é uma pauta permanente. Numa emergência dessas proporções espasmos não adiantam ao contrário, agravam, criam a sensação de rotina, estimulam a resignação. Porém, uma coisa é certa: pela primeira vez em sua história, a imprensa está sendo convocada para salvar os seus leitores e, junto com eles, a si própria. |
10.2.07
Bem-vindos ao apocalipse
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