Os 20 mil exemplares da primeira edição da "Bíblia em uma linguagem mais justa" se esgotaram duas semanas depois do lançamento, apesar das críticas de teólogos que diziam se tratar de uma versão "politicamente correta".
De acordo com Elisabeth Reiser, uma das tradutoras da nova versão protestante alemã, a intenção foi "fazer justiça aos gêneros, tornando visíveis as mulheres que têm apenas uma alusão nas versões tradicionais" e "expurgar" a Bíblia de "afirmações antijudaicas dispersas no texto".
Reiser afirma que "a idéia é fazer uma Bíblia inteligível para o nosso tempo".
Como exemplos, a "Bíblia em linguagem mais justa" muda as palavras iniciais da oração ao "Pai Nosso", de "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o Vosso nome" para "Teus filhos e filhas, Deus, que é nossa Mãe e nosso Pai nos Céus, santificado seja o Vosso nome".
Apóstolas
Para os tradutores, utilizar alternativamente a palavra "Deus" como homem ou mulher faz justiça ao caráter assexuado de Deus que é reconhecido na teologia.
Mas a nova versão também emprega outros termos como "a Eternidade" e "a Santidade", e "apóstolas" aparecem inesperadamente no texto.
O teólogo espanhol Juan José Tamayo disse à BBC que não considera correto "que se faça uma tradução sob o ponto de vista de gênero, colocando-se o masculino onde o texto coloca feminino ou que recrie determinadas experiências que não correspondem à experiência do seu tempo".
Mas Tamayo diz que é "muito importante que as diversas traduções da Bíblia recuperem o papel que as mulheres tiveram e que o destaquem por toda a história de Israel e do cristianismo primitivo" - uma posição em linha com a Teologia da Libertação.
Alguns leitores mais céticos da "Bíblia com linguagem mais justa" observaram que, na nova tradução feita por 40 mulheres e dez homens, as figuras de Satanás, do Diabo, do Demônio e do Mal continuam sendo consideradas masculinas.
Fonte: BBC Brasil
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