05/11/2006 - 12h24 http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u101525.shtml
da Folha Online
O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e dois de seus colaboradores mais próximos --o ex-presidente do tribunal revolucionário iraquiano, Awad Ahmed al Bandar, e o meio-irmão de Saddam, Burzan Ibrahim, ex-chefe do serviço secreto do país-- foram condenados à forca por crimes de guerra neste domingo pelo Tribunal Superior Penal do Iraque. Eles foram considerados culpados pela morte de 148 xiitas no povoado de Dujail, em 1982.
Grupos de sunitas foram às ruas de Tikrit, cidade-natal do ex-ditador do Iraque Saddam Hussein, entre outras cidades, para protestar contra a sentença de morte dada a ele neste domingo. Outros grupos, estes de xiitas, também foram às ruas, mas para celebrar a condenação à morte do ex-ditador.
No bairro xiita de Sadr City, um dos mais pobres de Bagdá (capital do país), centenas de milhares de pessoas foram às ruas cantar e dançar, ignorando o toque de recolher declarado pelas autoridades iraquianas ontem, gritando "Executem Saddam", segundo a agência de notícias Associated Press.
"Essa é uma sensação de felicidade sem precedentes", disse o morador de Sadr City Abu Sinan, 35. "O veredicto diz que Saddam irá pagar o preço por assassinar dezenas de milhares de iraquianos."
"Digo a todos os remanescentes iludidos do regime anterior: o período de Saddam e seu partido acabou, como acabaram os de outros ditadores, como Mussolini e Hitler", disse o primeiro ministro iraquiano, Nouri al Maliki --que é xiita.
O clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, líder dos rebeldes do Exército Mahdi, pediu comemorações pacíficas e disse que ataques contra sunitas seriam considerados traição. "Vocês são conclamados agora para realizar uma oração de agradecimento", disse em um comunicado.
No sul do país, onde predominam os xiitas, as manifestações foram pacíficas. Uma fila de carros enfeitados com flores de plástico circularam pelas ruas de Najaf, e grupos de pessoas queimavam retratos de Saddam e de sua família.
"Amados mártires, descansem em paz. Saddam será executado", dizia uma placa colocada na janela de um microônibus na cidade de Kut (cerca de 160 km a sudeste de Bagdá).
No norte, de maioria curda, também houve comemoração. Em Kirkuk, grupos efetuaram disparos para o alto para celebrar a sentença. "Graças a Deus vivi para ver o dia em que esses criminosos receberiam sua punição", disse o taxista Khatab Ahmed, 40.
Sunitas
Em Tikrit, no entanto, grupos de iraquianos sunitas circularam em comboios de veículos, ostentando metralhadores e outras armas pesadas, desafiando o toque de recolher. Um grupo de cerca de mil pessoas, incluindo alguns policiais, carregando retratos de Saddam, gritava "Vamos vingá-lo, Saddam". De telhados e esquinas da cidade foram feitos disparos para o alto.
"A violência apenas irá crescer na região depois do enforcamento de Saddam, mas os americanos não se importam com sangue iraquiano derramado", disse o professor primário aposentado Mohammed Abbas, 60. "Somos um povo tribal (...) quando um membro comum de nossa tribo é morto, matamos um membro da tribo inimiga, assim nem vou mencionar [o que se fará após a morte de] uma pessoa importante como Saddam."
"Seja ou não executado, Saddam governou o Iraque por cerca de 40 anos e tem uma história", disse Muhssin Ali Mohammed, 36. "Ninguém pode apagar isso, nem os iraquianos nem os americanos."
Segundo a polícia, neste domingo morreram ao menos três pessoas, incluindo uma criança de dois anos, em confrontos entre rebeldes e policiais no distrito sunita de Azamiyah, no Iraque. Segundo moradores, ataques com foguetes e morteiros começaram já na noite deste sábado (4), supostamente realizados pelo Exército Mahdi.
Políticos sunitas disseram que julgamento do ex-ditador deveria ser suspenso até a retirada dos cerca de 140 mil soldados americanos do país. "O Judiciário iraquiano deveria estar livre de desejos políticos, mas isso não aconteceu neste julgamento", disse o membro do grupo árabe sunita Frente do Consenso Iraquiano Saleem Abdelullah.
Saddam dirigiu o país com mão de ferro de 1979 até sua derrocada, em abril de 2003, quando foi deposto pela coalizão liderada pelos Estados Unidos. As mortes em Dujail, segundo os argumentos da defesa, teriam ocorrido como uma represália por um atentado fracassado contra Saddam.
Em Fallujah, rebeldes dispararam contra o quartel das Forças Americanas, segundo a polícia iraquiana, mas não houve notícias de feridos.
"Não se vinguem"
O advogado-chefe da equipe de defesa de Saddam, Khalil al Dulaimi, disse que o ex-ditador já esperava a condenação à morte e pediu aos iraquianos que rejeitem a violência sectária e "não se vinguem" das tropas americanas.
"Sua mensagem ao povo iraquiano foi 'perdoem e não se vinguem dos países invasores e seus povos'", disse Dulaimi à Associated Press.
O embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, disse que o veredicto foi "um marco importante" na construção da lei no país e pediu mais apoio dos EUA para o governo recém-formado.
O presidente do Iraque, Jalal Talabani, não comentou a condenação, mas disse que o processo foi justo e conforme a lei, segundo o chefe do gabinete e porta-voz do presidente iraquiano, Kamran Qaradaghi, contatado por telefone pela AFP.
O juiz Raed Juhi, do Alto Tribunal penal iraquiano, disse que o procedimento de apelação acionado automaticamente após a condenação à morte de Saddam começará já nesta segunda-feira (6). A alta comissária para os direitos humanos na ONU (Organização das Nações Unidas), Louise Arbour, pediu que as autoridades iraquianas respeitem "plenamente o direito de apelação".
O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e dois de seus colaboradores mais próximos --o ex-presidente do tribunal revolucionário iraquiano, Awad Ahmed al Bandar, e o meio-irmão de Saddam, Burzan Ibrahim, ex-chefe do serviço secreto do país-- foram condenados à forca por crimes de guerra neste domingo pelo Tribunal Superior Penal do Iraque. Eles foram considerados culpados pela morte de 148 xiitas no povoado de Dujail, em 1982.
Grupos de sunitas foram às ruas de Tikrit, cidade-natal do ex-ditador do Iraque Saddam Hussein, entre outras cidades, para protestar contra a sentença de morte dada a ele neste domingo. Outros grupos, estes de xiitas, também foram às ruas, mas para celebrar a condenação à morte do ex-ditador.
No bairro xiita de Sadr City, um dos mais pobres de Bagdá (capital do país), centenas de milhares de pessoas foram às ruas cantar e dançar, ignorando o toque de recolher declarado pelas autoridades iraquianas ontem, gritando "Executem Saddam", segundo a agência de notícias Associated Press.
"Essa é uma sensação de felicidade sem precedentes", disse o morador de Sadr City Abu Sinan, 35. "O veredicto diz que Saddam irá pagar o preço por assassinar dezenas de milhares de iraquianos."
"Digo a todos os remanescentes iludidos do regime anterior: o período de Saddam e seu partido acabou, como acabaram os de outros ditadores, como Mussolini e Hitler", disse o primeiro ministro iraquiano, Nouri al Maliki --que é xiita.
O clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, líder dos rebeldes do Exército Mahdi, pediu comemorações pacíficas e disse que ataques contra sunitas seriam considerados traição. "Vocês são conclamados agora para realizar uma oração de agradecimento", disse em um comunicado.
No sul do país, onde predominam os xiitas, as manifestações foram pacíficas. Uma fila de carros enfeitados com flores de plástico circularam pelas ruas de Najaf, e grupos de pessoas queimavam retratos de Saddam e de sua família.
"Amados mártires, descansem em paz. Saddam será executado", dizia uma placa colocada na janela de um microônibus na cidade de Kut (cerca de 160 km a sudeste de Bagdá).
No norte, de maioria curda, também houve comemoração. Em Kirkuk, grupos efetuaram disparos para o alto para celebrar a sentença. "Graças a Deus vivi para ver o dia em que esses criminosos receberiam sua punição", disse o taxista Khatab Ahmed, 40.
Sunitas
Em Tikrit, no entanto, grupos de iraquianos sunitas circularam em comboios de veículos, ostentando metralhadores e outras armas pesadas, desafiando o toque de recolher. Um grupo de cerca de mil pessoas, incluindo alguns policiais, carregando retratos de Saddam, gritava "Vamos vingá-lo, Saddam". De telhados e esquinas da cidade foram feitos disparos para o alto.
"A violência apenas irá crescer na região depois do enforcamento de Saddam, mas os americanos não se importam com sangue iraquiano derramado", disse o professor primário aposentado Mohammed Abbas, 60. "Somos um povo tribal (...) quando um membro comum de nossa tribo é morto, matamos um membro da tribo inimiga, assim nem vou mencionar [o que se fará após a morte de] uma pessoa importante como Saddam."
"Seja ou não executado, Saddam governou o Iraque por cerca de 40 anos e tem uma história", disse Muhssin Ali Mohammed, 36. "Ninguém pode apagar isso, nem os iraquianos nem os americanos."
Segundo a polícia, neste domingo morreram ao menos três pessoas, incluindo uma criança de dois anos, em confrontos entre rebeldes e policiais no distrito sunita de Azamiyah, no Iraque. Segundo moradores, ataques com foguetes e morteiros começaram já na noite deste sábado (4), supostamente realizados pelo Exército Mahdi.
Políticos sunitas disseram que julgamento do ex-ditador deveria ser suspenso até a retirada dos cerca de 140 mil soldados americanos do país. "O Judiciário iraquiano deveria estar livre de desejos políticos, mas isso não aconteceu neste julgamento", disse o membro do grupo árabe sunita Frente do Consenso Iraquiano Saleem Abdelullah.
Saddam dirigiu o país com mão de ferro de 1979 até sua derrocada, em abril de 2003, quando foi deposto pela coalizão liderada pelos Estados Unidos. As mortes em Dujail, segundo os argumentos da defesa, teriam ocorrido como uma represália por um atentado fracassado contra Saddam.
Em Fallujah, rebeldes dispararam contra o quartel das Forças Americanas, segundo a polícia iraquiana, mas não houve notícias de feridos.
"Não se vinguem"
O advogado-chefe da equipe de defesa de Saddam, Khalil al Dulaimi, disse que o ex-ditador já esperava a condenação à morte e pediu aos iraquianos que rejeitem a violência sectária e "não se vinguem" das tropas americanas.
"Sua mensagem ao povo iraquiano foi 'perdoem e não se vinguem dos países invasores e seus povos'", disse Dulaimi à Associated Press.
O embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, disse que o veredicto foi "um marco importante" na construção da lei no país e pediu mais apoio dos EUA para o governo recém-formado.
O presidente do Iraque, Jalal Talabani, não comentou a condenação, mas disse que o processo foi justo e conforme a lei, segundo o chefe do gabinete e porta-voz do presidente iraquiano, Kamran Qaradaghi, contatado por telefone pela AFP.
O juiz Raed Juhi, do Alto Tribunal penal iraquiano, disse que o procedimento de apelação acionado automaticamente após a condenação à morte de Saddam começará já nesta segunda-feira (6). A alta comissária para os direitos humanos na ONU (Organização das Nações Unidas), Louise Arbour, pediu que as autoridades iraquianas respeitem "plenamente o direito de apelação".
Um comentário:
ei mano, bem, parece que conseguiu atualizar, que bom qualquer coisa me fala.
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